terça-feira, 22 de novembro de 2016

CIRCUITO AUTORAL - 1º ATO (SKATE ROCK)

Por Lucas Vinícius Guimarães Macieski



O último domingo, o histórico 20 de novembro, dia da consciência negra, contou com eventos muito diversificados na nossa cidade de Cuiabá.

Nós do Supernova Cultural estivemos juntos a loja MM Skate Shop e ao Toma Espaço Musical na realização do primeiro ato do Circuito Autoral.

O Circuito Autoral é uma ação coletiva onde toda a cadeia produtiva do alternativo está convidada a se envolver, pois é uma celebração de artes integradas que contempla várias temáticas e segmentos que circundam a cena independente.

A produção do evento em si teve também o apoio dos músicos da cidade, que contribuíram muito para tudo acontecer.

Numa programação inovadora, as atenções foram divididas entre as diferentes propostas apresentadas de forma simultânea no Complexo Dom Aquino.

Enquanto Lívia Viana expunha as fotos do seu projeto 50 Cantos e outros trabalhos fotográficos, rolava a primeira bateria do campeonato de skate, esquentando o fim de tarde antes do show pesado da banda Zenfim, iniciando a parte das apresentações musicais das bandas autorais.

Lívia Viana - 50 cantos
ZenFim

Assim seguiu o evento, alternando entre uma bateria de modalidade do campeonato e uma banda.



No skate e patins tivemos participação de pessoas da comunidade, crianças e de skatistas já conhecidos do rolê da nossa localidade.




O show da Lord Crossroads deu continuidade com uma formação diferente, que contou com o baterista lacerdense Matheus Viana, o nosso amigo JeanBass nas quatro cordas e o veterano Billy Espíndola, dessa vez sem a guitarra de cocho. Além é claro de Charlyes, vocalista e líder da banda.



Lord Crossroads
JeanBass


Depois da premiação dos vencedores do campeonato de skate e patins, realizado pela MM Skate Shop, os caras da Café e Cigarro deram um tempero diferente com suas melodias fortes e letras, ora descontraídas, ora mais reflexivas. Muita guitarra e poesias.







Diego Carvalho
Diego Carvalho subiu no palco e também mandou suas composições de rock cru e verdadeiro. Sua banda está formada por dois membros da Café e Cigarro (Vinícius e Hyago) e o baixista Carlos Awire.







Zumbi Suicida
Fechando a noite, Zumbi Suicida nos mostrou uma apresentação redonda, com seu som de resistência criativo e instigante. Mesmo com o adiantar da hora, não dava pra ficar parado. Essa banda agita muito!





Agradecemos a toda a comunidade que se envolveu nesse ato coletivo. O público participativo e os músicos e agentes que fizeram essa festa com muita disposição.
Convidamos a todas as pessoas a participarem da construção do Circuito Autoral, uma organização que veio pra ficar e promete movimentar bastante o cenário da nossa estimada HellCity.
                                       
                                       
Fotos por Emanuelle Reis




sábado, 17 de setembro de 2016

BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO À MÚSICA AUTORAL E CENA INDEPENDENTE CUIABANA

Por Lucas Vinícius Guimarães Macieski

Percorrendo um caminho que vai na contramão das propostas covers superestimadas pelo público das casas mais cheias de muitas cidades, artistas usam seus instrumentos em novas sonoridades que, desvalorizadas, carecem de recurso tanto para sua execução como para circulação. 

Dessa forma, podemos dizer que a música autoral é, além de arte, uma militância.

Em Cuiabá, cidade que viveu momentos de efervescência independente por muitas vezes, hoje o autoral vem perdendo espaço

Apesar de termos grandes nomes reconhecidos por suas boas apresentações dentro e fora do Brasil, a música nova tem caminhado a passos lentos, como se algo tivesse acontecido e a cena, que já havia passado da puberdade, tenha voltado a engatinhar.

Eu, particularmente, não acredito na hipótese de queda na qualidade das composições. Não sei nem quanto a quantidade. 

Acredito que atualmente exista um bom número de compositores interessantes emergindo na cena. Quanto à qualidade das execuções, percebo sim uma dificuldade muito grande nesse sentido.

Há quem diga que o mercado da música é o mais competitivo que existe. Por um motivo óbvio, banda que executa melhor o seu som tende a atrair mais olhares

O artista melhor adaptado às suas ferramentas ganha evidência. O fator equipamento também é crucial, também por motivos óbvios. 

Então imagina só, você aprendeu tocar há poucos anos, compôs seus próprios arranjos junto à sua banda e aí entra num mercado onde o público vai, de alguma forma, comparar o seu trabalho ao de pessoas que tocam em condições muito melhores, os clássicos mais arrebatadores da história. Como sobreviver nesse mercado?

Na esteira do processo gradativo dessa espécie de sucateamento da cadeia produtiva musical estão uma série de fatores. 

Um dos principais é justamente o da falta de demanda para as bandas autorais, proveniente do direcionamento das atenções que vem ocorrendo em relação ao cover. O que, naturalmente, não agrega em nada para quem tenta disputar atenções com uma nova composição. 

Nada contra as bandas covers, mas é fato que na busca por uma remuneração minimamente satisfatória, muitas pessoas deixam seus projetos autorais de lado. 

As casas que trazem essa proposta sabem bem disso e obtém seu lucro através da desvalorização do circuito alternativo

Vou mais longe ressaltando que muitos dos músicos mais virtuosos do jazz, blues e outros estilos, não menos sofisticados, estão totalmente absorvidos pelo sertanejo, possibilidade viável para quem quer ganhar um dinheiro tocando.

Outro ponto chave que contribui no quadro atual da cena independente é a desarticulação entre os próprios artistas do segmento

Diante de tantas dificuldades, é necessário viabilizar meios para que o máximo de artistas se estruturem para criar, ensaiar, produzir, gravar, se apresentar, distribuir material. Só assim, podemos atender à competitividade que o meio exige. 

Se o som não tiver pegada, não envolver ou se a execução não for redonda, o público vira as costas. Material para distribuição impulsiona a visibilidade de um projeto. 

Considerando o preço dos equipamentos, dos ensaios, da passagem de ônibus, da gasolina, a má remuneração ou até mesmo falta dela, parece ser melhor desistir mesmo. 

Entretanto, problematizando coletivamente cada pauta, soluções se tornam mais palpáveis.

A mídia tradicional não tem sido tão aberta à cena local

Materiais auxiliares de divulgação para os nossos compositores do underground não são gerados através de seus veículos. 

Assim nos deparamos então com mais uma demanda: buscar mídias alternativas que publiquem conteúdos que valorizem o que nós temos de genuinamente regional

Essas mídias funcionando em rede junto com as páginas dos próprios artistas, podem ampliar o alcance da circulação dos projetos.

Integrar artes nos eventos é uma estratégia que atrai. 

Dividir o espaço de uma festa com representantes independentes de outros segmentos artísticos que sejam relacionados agrega novos valores e pode também ser uma ótima pedida para quem precisa necessariamente de correligionários para subsistir. 

Afinal, representações coletivas são capazes de uma comunicação mais efetiva tanto na cobrança por politicas públicas como também nas negociações com terceiros.

Ainda nessa perspectiva de que o artista independente tem, em torno de si, uma ideologia dentro de um sistema, encontrando-se em situação de minoria, é interessante também que dialogue com as classes com as quais se identifica, pois o público de quem não se contenta, é também quem não está contente. 

A revolução de pensamento que alguns grupos de minorias estão experimentando na prática é momento propício para elevação das artes. Esses agentes culturais, junto aos outros artistas, às mídias, às “figuras carimbadas” da cena, são potenciais formadores de opinião.

Concluo então que toda a cena alternativa da Hellcity precisa avançar, oferecendo possibilidades rentáveis a longo prazo, para que cada projeto, individualmente, tenha eficácia na consolidação de seu sucesso.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DOMINGUEIRA MOSTRA – PRIMEIRA EDIÇÃO CASARÃO DO BOA

DOMINGUEIRA MOSTRA – PRIMEIRA EDIÇÃO CASARÃO DO BOA


Por Lucas Vinícius Guimarães Macieski e Gabriel Severino


Panfleto de divulgação da Domingueira Mostra
O Casarão do Boa, bar que vem há alguns anos participando ativamente da cena local, se comprometeu a encabeçar um movimento cultural, abrindo as portas para se tornar um ponto de convergência , onde artistas de vários segmentos usam seu  espaço para participarem de rodas de discussão, ensaiarem, proporcionarem trocas de experiências de autor para autor e exporem seus projetos individuais e coletivos, num contexto onde todos são protagonistas.

O intuito é a valorização da cadeia produtiva para gerar novas demandas, tanto para o bar, como para os artistas, produtores culturais e também para mídias alternativas (como esta que vos comunica, rs).

Nessa perspectiva, Wesley Rodrigues, membro do movimento e responsável pelo Casarão do Boa, teve a sacada de experimentarmos um primeiro ato, onde o público também está convidado a se envolver. A proposta é o evento DOMINGUEIRA MOSTRA.

No último domingo, fatídico dia 11 de setembro, aconteceu a primeira edição, começando às 14 horas, horário no qual os artistas e o público foram chegando e ocupando o espaço da casa, o que confirma o sucesso da proposta de integração num lugar que pretende funcionar como um reduto da cadeia produtiva e toda a cena local.

A Mente Aguçada Produção Cultural, empresa membro do movimento, já chegou agraciando-nos com o seu artesanato de primeira, que já deu uma cara bem alternativa para a festa.

             
                                   Artesanato - Mente Aguçada Produções
    



Logo chegaram também os colaboradores do Bazar, somando com artigos de moda para enriquecer a proposta.

Galera do bazar

Dando continuidade na parte expositiva, o evento teve a participação da empresa San Chico, com alguns de seus excelentes trabalhos de vinis minunciosamente recortados, que se transformam em formas de rostos de artistas famosos, indo de Mart’nália à David Bowie.

Exposição de vinis - San Chico

Aproximando das 16 horas, a cantora Juellin Quillim, ministrou um workshop de técnica vocal, provocando olhares curiosos com relação as dinâmicas para as quais fomos convidados a participar. A cantora mostrou na prática, técnicas de respiração, aquecimento e projeção da voz. No final da aula ainda convidou os participantes para darem uma palinha à capela, com seu auxílio, para que cantem melhor as músicas que preferem.

Workshop de técnica vocal com Juellin Quillim

Ao final da tarde as atividades não pararam, pelo contrário, estávamos apenas na metade do evento. Nesse momento, se deu inicio ao palco livre, com projeção audiovisual ao fundo.

A sonzeira ficou por conta da galera que se sentiu a vontade para chegar junto e mandar um pouco de hip hop, mpb, reggae, rock’n’roll e heavy metal. Aqui pedimos licença para dar o devido destaque à participação de Otávio e Lucas, guitarrista e baixista, parceiros da casa que abriram essa parte do evento com clássicos setentistas bem executados. 

Vale ressaltar também a apresentação da cantora estreante Fabiana Mello junto de seu parceiro Alber, surpreendendo com suas versões de músicas brasileiras bastante conhecidas e já se colocaram à disposição para colaborar com essa ação coletiva.

             
               JeanBass tocando clássicos oitentistas
Fabiana Mello e Alber

Além do próprio público, ainda tivemos no palco a magnífica participação das bandas independentes autorais membros do movimento, como Detcha Vai, Efeito Hydra, Kayau, Café e Cigarro e o compositor Diego Carvalho.

Café & Cigarro em ação!

Como em todo experimento, tivemos algumas falhas técnicas e intercorrências provenientes das dificuldades ainda presentes na organização coletiva entre os grupos que fazem parte da equipe colaborativa, mas nenhuma delas tirou o brilho desse dia instigante de muita arte, cultura, integração e cerveja gelada.


Se você leitor não soube ou não pôde participar dessa primeira edição do evento, não se avexe não! Essa semana, no dia 18, a partir das 14 horas teremos mais um DOMINGUEIRA MOSTRA que desta vez já conta com um workshop de Harmonia e Improvisação com o nosso grande músico contrabaixista Wellington Berê. Convidamos toda a comunidade para realizarmos, juntos, esse projeto promissor que veio para agregar e dar valor a nossa estimada Hellcity.

Fotos por Emanuelle Reis

SUPERNOVA CULTURAL, ALTERNATIVA EM CUIABÁ

SUPERNOVA CULTURAL, ALTERNATIVA EM CUIABÁ

Por Lucas Vinícius Guimarães Macieski

A cultura alternativa em Cuiabá, apesar de ser efervescente, vem passando por um processo gradativo de desvalorização.

Colaborando com esse declínio, encontram-se o poder público, os próprios agentes culturais que, por muitas vezes, deixam de criar mecanismos auxiliares para a cena local e também algumas questões mais pontuais que desagregam a nossa cadeia produtiva.

Nesse contexto, nasce o Supernova Cultural.

Através deste blog, nos comprometemos a pautar os artistas, o público, as casas, os rolês e os sonhos.